Um título possível

China<br>Campeã mundial em telecomunicações

Querendo apresentar um título à maneira mais usual dos media - queria ver se me treinava nestas modernices -, foi este, que aí está acima, sensacionalista, que encontrei. E porquê? Porque, tendo ido à procura de qual era o país que tinha mais clientes de telecomunicações, deparou-se-me com aquilo que, de certo modo, já esperava - que, e com base em números já de finais de 2006, isto é, que a China estava à cabeça dos três serviços principias: telefone fixo, telefone móvel e acessos de banda larga à Internet. Medalhas de ouro nas três competições. Em 2.º lugar encontrava-se os EUA, com medalhas de prata nas três competições, a ir perdendo terreno com a China.
Depois para as medalhas de bronze, a coisa complicava-se um pouco, com a Índia a conseguir a medalha do telefone fixo, a Rússia a medalha do telefone móvel e o Japão a medalha dos acessos de banda larga à Internet.
Depois ainda comecei a ver o que dava, consoante outros critérios. Ordenei então os países pelo número de clientes do telefone fixo - tradicionalmente os mais caros, correspondendo a um infraestrutura muito dispendiosa, ao contrário dos móveis que usam o «ar» e da banda larga que tem sobretodo usado os accesos já instalados para o telefone fixo. Mais, quase todos os accesos fixos, no caso dos países desenvolvidos/ocidentais, incluindo o Japão, já estão no terreno há décadas. Bem, pela ordem dos telefones fixos, a seguir aos primeiros clasificados, os do pódio - China, EUA e Índia, por esta ordem -, vêm: 4.º Japão, 5.º Rússia, 6.º Brasil, 7.º Alemanha, 8.ºs (mais ou menos) ex aequo Reino Unido e França! Os outros países do G8, nem vê-los. O quê, a Espanha? Faz parte de outro campeonato.
Estás a fazer uma demagogia dos diabos, autor! Porquê? Então, esses países do Terceiro Mundo, incluindo a Rússia, são muito grandes. Sempre foram, leitor. Mais, a China que em finais de 2006 teria uns 380 milhões de linhas fixas, no início dos anos 90 tinha uns 10 milhões, a caminho de 40 vezes mais! A Índia que, pela mesma altura, teria ainda menos que 10 milhões de linha telefónicas, por agora irá entre os 50 e os 60 milhões, umas 5 a 6 vezes mais do que então.
Mas isso são tecnologías antigas, autor. Tecnologías antigas, leitor? Se formos pelo moderno telemóvel, sobretudo do GSM de que a Europa tanto se orgulha, vemos o seguinte: 1.º China, 2.º EUA, 3.º Índia, 4.º Russia, 5.º Japão, 6.º Brasil, 7.º Alemanha, 8.º Reino Unido e 9.º França.
Ah - o leitor atento -, neste caso do telemóvel a China tinha 450 milhões e a França tinha, pela mesma altura 50 milhões. Isto quer dizer que a China só tinha 9 vezes mais telemóveis que a França, enquanto o número de chineses será cerca de 25 vezes mais que os franceses. É certo - confirma o autor -, mas estamos aqui perante uma vitória de Pirro, pois também é verdade que a China é um país em desenvolvimento, dantes dizia-se subdesenvolvido, enquanto a França é um dos países mais desenvolvidos do Mundo, um pilar da orgulhosa União Europeia! Enfim, esperem pela demora.
Agora, vou dar-te uma ajuda leitor. E dou-te, mesmo não me esquecendo que durante décadas andaram a apontar aos outros países, os não desenvolvidos, que os serviços telefónicos é que eram os indicadores do desenvolvimento. Então, temos na banda larga, a grande prioridade actual dos países desenvolvidos. Na verdade, nestes países, mais pequenos que os outros mencionados o telefone fixo e o telefone móvel constituem tarefas de crescimento concluídas ou quase, portanto é da banda larga que tem de tratar-se. E, mesmo estando a China em primeiro lugar também no caso da banda larga, como vimos, a Alemanha, o Reino Unido e a França conseguem aqui uns «bons» 4.º, o 5.º e o 6.º postos respectivamente, a seguir ao segundo, os EUA, e ao Japão. Ah, e o que vale aos europeus, o que lhes resta é adicionarem-se uns aos outros para tentarem fazer boa figura a nível «global»!
De qualquer modo, não será por muito tempo. Várias vezes tenho chamado a atenção - no que vou escrevendo e dizendo - para o facto de que a correlação de forças económicas a nível mundial entretanto se alterou rapidamente - e rapidamente não quer dizer coisas que estejam para acontecer daqui a umas décadas, como alguns «estudos» pretendem «acalmar» a opinião pública ocidental. As telecomunicações são um bom exemplo. Aqui, em termos de utilizadores por país - peso importante em organizações internacionais ou negociações bilaterais -, mas também podíamos falar em termos de fabricantes a nível mundial. Enfim.


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